14 de Junho (Aos servidores públicos da republiqueta de gafanhotos)
Era 14 de Junho. A galeria de
estátuas tristes para o qual se convertera o busto de Getúlio Vargas na praça
que leva seu nome rodeava o sindicato dos servidores públicos. O Esperanto
chegou na assembleia sufocado pelo ânimo com o qual acabara de assinar o contrato
com a editora para publicação de seu livro “A Onipresença Eterna.”
Ao entrar no sindicato, o
Esperanto viu toda a chefia do serviço público com olhar de expectativa pela
espera da palavra do então Sr. Presidente. Em pauta, o reajuste do funcionalismo
e uma coisa até então inovadora e notória : o pagamento da licença-prêmio
apenas pelo 001, o salário-base...
O Esperanto quis falar, e não
conseguiu por que foi interrompido pelas
vaias uníssonas dos então-chefe-mandados-pela-prefeita para discordar dos
servidores que eram contra o tal pagamento.
O Esperanto só queria
dizer , antes de lhe cortarem o microfone, que , ao se abrir mão de
direitos adquiridos, a reação vem em cadeia, ou seja, hoje é o 001, amanhã,
outros direitos que serão extirpados do servidor...
As vaias continuaram. Os mesmos
servidores que semanas antes estavam contra o 001, agora, numa inversão
grotesca e ininteligível apoiavam a atual administração vaiando o Esperanto.
A assembleia terminou com o
Esperanto aniquilado pela vaia dos presentes. Nunca um Esperanto chorou tanto
como naquele dia. Mas, como diz um provérbio chinês, “a lágrima de um justo não
cai por terra, vai para o céu para o seio da divindade”, o Esperanto seguiu em
frente avisando a todos os servidores
que eles haviam cometido um erro aceitando pagamento da licença-prêmio apenas pelo 001.
“Todos vocês ainda vão chorar
como hoje eu chorei”, avisei aos presentes.
O tempo passou. Alguns aderiram
ao pagamento da licença-prêmio pelo 001, outros até hoje não a receberam. E não
a receberão, escrevam!
O plano de carreira foi
engavetado e o reajuste de 2012 será pelo INPC computado ontem com os
hiperbólicos 5,1 % (cinco vírgula um por cento).
Vocês, nobres servidores que
vaiaram o Esperanto dia 14/06/2011, devem estar sentindo na pele o descaso,
cujas labaredas da premonição fizeram com que este menino que vos fala tentou
alertar. Devem estar chorando por estarem sem um reajuste digno, sem um plano
de cargos e salários e outras coisas mais. Vocês devem estar chorando ao ir no
supermercado e pagar sete reais num quilo de feijão enquanto vosso aumento
salarial vem de camelo do deserto até aqui.
Vocês, nós, servidores, nada mais
estamos tendo do que aquilo que escolhemos através da democracia – é um direito
nosso!
Choremos todos juntos!
Se preparem pois a tendência é
piorar...
P.S.:E ainda querem
mobilizar o servidor para dar jeito na Caixa de Previdência. Pelas redes
sociais todos aparecem. Quando o bicho pegar e tiver que dar a cara bater
pessoalmente, vamos ver quantos sobram além do Esperanto...
Um Esperanto sempre volta!
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