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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

COLUNA DE ADEMIR QUINTINO



Porque o futebol feminino do Santos não foi implantado nos EUA
(*) Por Ademir Quintino

Recentemente um comentarista de TV falou absurdos do porquê o futebol feminino do Santos não foi implantado na Liga Americana. Não sou o dono da verdade; pouco escrevi e falei desta modalidade no blog, mas, segue abaixo algumas informações que apuramos para as ponderações dos leitores.
No primeiro semestre de 2010, o Santos trabalhou para levar o projeto “Sereias da Vila” para os Estados Unidos. Em janeiro, ainda de Manchester, onde negociava o empréstimo de Robinho para o Clube, o gerente de Marketing Armênio Neto participou de conference call com a CEO da WPS, Tonya Antonucci, e outros três membros do board da Liga, que demonstrou enorme interesse na entrada do Santos.
Foi oferecida ao Clube a franquia do Los Angeles Sol, que havia acabado de ser campeão , contava com a craque Marta e havia comunicado à Liga o encerramento das atividades por ter amargado alto prejuízo.
Detalhe: o dono do LA Sol é dono do LA Galaxy, time de futebol masculino que conta com David Beckham em seus quadros, e sócio dos Los Angeles Lakers, um dos mais tradicionais time de basquete dos Estados Unidos. Com foco no masculino, dois anos depois o LA Galaxy conquistava a Liga pela primeira vez.
Em nova conference, no dia seguinte, a conclusão: o modelo para o Santos seria o de parceria com um clube já existente, que passaria a se chamar Santos USA.
Em março de 2010, em Nova Iorque, por conta da inauguração do estádio do NY Red Bulls, nova reunião com os sócios do Chicago Red Stars. Primeira proposta: Naming Rights do time por um ano, mais preferência para compra de no mínimo 10% do time no segundo ano, em contrato de cinco anos. Sendo que o Santos teria duas das sete cadeiras do board. A segunda opção: começar um time novo, usando o estádio da Universidade de Fullerton, em Irvine (Califórnia), em que eles seriam sócios em troca da consultoria, estruturação e operação. Nesse caso, o SFC teria cinco das sete cadeiras do board.
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A primeira proposta era um investimento de U$ 1,5 milhões em 5 anos. A segunda, um investimento de U$ 4 milhões em 5 anos, já que teríamos estádio próprio. O Santos procurou patrocinadores, preferencialmente empresas brasileiras que tivessem negócios por lá. O clube tentou o patrocínio da Seara, com a marca Pemmican (produz beef jerky, marca forte nos EUA). O BMG também foi alternativa, mas o Citibank era patrocinador da Liga e outro banco era impossível. A Femsa era outra empresa possível, mas não topou. A Liga inteira vestia Puma, obrigatoriamente, o que inviabilizava a Umbro que era a marca oficial do Santos ou qualquer outra fornecedora.
Os dirigentes pensaram numa alternativa e chegaram a negociar a entrada do Santos que daria direito de transmitir os jogos para o Brasil. Sendo, assim, o clube venderia esses direitos e teria a tão sonhada visibilidade no país, atraindo empresas brasileiras, não necessariamente com negócios nos Estados Unidos. Porém, nenhuma emissora se interessou.
Quando ainda se discutia, os dirigentes do Peixe foram comunicados que mais dois times estavam encerrando suas atividades, entre eles o próprio Chicago Red Stars, com quem o Santos negociava. Um novo time estava surgindo, mas a Liga caia de sete times para seis.
Os dirigentes aguardaram um ano, Bay Area (com a Marta) venceu a Liga, mas também não agüentou e encerrou suas atividades. Novamente, dois times fecharam, dois novos surgiram. Um deles assumiu o contrato da Marta (Western New York, de Buffalo). A Liga foi disputada com seis times em 2011, com claros sinais de enfraquecimento, como a média de publico de 3 mil pessoas e partidas jogadas em estádios que, às vezes, tinham cadeiras de armar no entorno dos campos. Como se estivéssemos, por exemplo, no CT Rei Pelé assistindo a um jogo.
Para 2012, o Magic Jack, que estreou em 2011, também comunicou seu afastamento. Ou seja, em 2012, apenas cinco times estão confirmados. Pouco para um campeonato de sete meses.
Em resumo, a Liga não tem fôlego para bancar salários como o da Marta. Dois times que ela defendeu (LA Sol e Bay Area) quebraram. O WNY, que é gerido por um bilionário-mecenas, abriu mão dela.
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Por tudo isso, a entrada do time feminino do Santos na Liga foi abortada. Não fazia sentido investir por investir. Existia uma promessa de campanha para tentar colocar o Santos feminino nos EUA? Sim. Não foi possível porque a própria Liga vem se mostrando inviável não apenas para o Santos, mas, principalmente, para os próprios times norte-americanos.
(*) Ademir Quintino é jornalista, radialista, assessor de imprensa, escritor e blogueiro do Santos F.C.

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