ENTRE EM CONTATO COM NOSSA REDAÇÃO.
ESTAREMOS SEMPRE A SUA DISPOSIÇÃO.
escritor@uol.com.br

VOCE É O NOSSO VISITANTE NUMERO

terça-feira, 22 de maio de 2012

CUBATÃO - PEQUENO HISTORICO


A cidade de Cubatão, nossa vizinha, tão antiga quanto Santos, a que pertenceu durante séculos.como vila  esquecida e atrasada. Seu progresso só veio após a  emancipação  em 1949, escolha feita em plebiscito pelo povo, transformando-se em município. Em 1942 não passava de um caminho que veio a se chamar Principal e que, com a emancipação teve seu nome alterado para 9 de abril.  .

Em 1950, quando vim a nela morar ainda era um princípio de cidade. Outras ruas e avenidas foram abertas, novos bairros foram acrescidos; sua população foi aumentando especialmente com a instalação das grandes indústrias. Antes, eram só a Cia. Santista de Papel, no sopé da via Anchieta, a Cia. Anilinas no centro da vila, uma pequena indústria no bairro Olaria ao lado da Via Anchieta. A primeira grande indústria a se instalar foi a Refinaria Presidente Bernardes.  Outras seguiram-lhe os passos  porque a geografia da região o permitia. A proximidade do porto, a via Anchieta, a ferrovia, etc.  Hoje são muitas. A administração própria soube conduzir a política pública desde o princípio. Hoje a situação é outra. Os poderes públicos maiores estão cegos para essa realidade. Ao que parece, o sistema ferroviário está ultrapassado, já não transportam mais pessoas; somente cargas pesadas; as vias rodoviárias sujeitas a pesados caminhões têm vida curta. Não suportam tanto peso. Também,  devido ao crescimento industrial  e populacional. A região está a exigir nova ferrovia para o interior com mais velocidade e capacidade de carga. Outros paises souberam se adaptar a essa nova realidade e  dispõem de trens balas para a população; eliminaram o transporte por ônibus entre cidades; a população usa o trem, farto em qualquer direção. Já nem quero falar em hidrovias para Santos, Guarujá, etc. para transporte de carga e de pessoas.

A antiga vila de um só caminho já é uma cidade importante com densa população. Está a exigir modernidade. E essa modernidade compete aos políticos.

Eu a conheci, de passagem, em 1942, quanto me dirigia para o colégio em São Paulo. O caminho começava na ponte sobre o rio Casqueiro e ultrapassava a Estação do trem continuando até encontrar  o rio Cubatão.. Já em 1950 um ano após a emancipação os ares eram de cidade, dispondo da rua Joaquim Miguel Couto que começava na via Anchieta, despida de casas de moradia por mais de dois quilômetros; dos dois lados vegetação rasteira. Outra rua importante era a Pedro José Cardoso; as demais, transversais e poucas.. Minha vinda para a cidade se deu por que havendo trabalhado durante a construção do Oleoduto, que iria transportar petróleo e derivados para São Paulo e Refinaria de Capuava no escritorio de Santos, de lá fui transferido para a estação de bombas de Cubatão onde passei a exercer  a função de aferidor de tanques. Assim vim a morar na sua vila residencial especialmente construída para esse fim. Por essa época havia uma composição ferroviária, de pequeno porte, que servia à Cia. Santista de Papel, de outro lado do rio. A cidade ainda dispunha, na av. 9 de Abril da Cia. de Anilinas que ocupava uma grande área no centro; Outra industria, pequena, havia no bairro chamado Olaria, ao lado da via Anchieta.

A vida era tranqüila para os moradores da vila e arredores. Dali para o centro da cidade a estrada era de terra; a distância  de quatro quilômetros, mais ou menos. Para a compra de alimentos todos se locomoviam a pé; os pouquíssimos veículos que transitavam pelo trajeto obrigavam os transeuntes a se encostarem nas valas laterais; as mercadorias eram trazidas nos braços ou nos ombros. Ninguém reclamava. Nesse trajeto, antes da via Anchieta haviam duas pedreiras em pleno funcionamento; uma delas pertencia ao sr. Abel Tenório de Oliveira e outra era da família Cunha. Havia também um armazém de secos e molhados cuja proprietária era uma senhora chamada Constância. Com o tempo, os empregados do Oleoduto resolveram se cotizar e passaram a fazer compras de arroz, feijão e outros materiais de cozinha em São Paulo, capital, na rua Maria Paula, se a memória não me engana, junto à estação da Luz. Para isso o Oleoduto cedia um veículo que subia a serra uma vez por mês.

As famílias da vila se davam bem; os filhos se reuniam um dia por semana numa das casas e cantavam ao redor de um piano. Chegaram a se apresentar para o público na sede do Esporte Clube Cubatão e até numa igreja na cidade de São Caetano.

Depois de dois anos eu já era chefe dos aferidores e não mais trabalhava em turnos. Quem dirigia tecnicamente o funcionamento do Oleoduto eram três americanos que vieram especialmente para esse fim; E como eu tinha certa fluência em inglez, deles me tornei amigo. Não demorou e subi para o cargo de chefe da estação.

Por esse tempo eu já possuía pequena motocicleta.  Já tinha condução para continuar meus estudos; assim, terminei o segundo grau e me preparei para o vestibular da Faculdade de Direito.

Quando a moto apresentava defeito eu me utilizava de ônibus da linha Fabril, distante dois quilômetros da vila. Na volta, tarde da noite, do ponto  final dessa linha, subia até a via Anchieta, caminhava mais ou menos um quilômetro, descia a rampa lateral e adentrava na área do Oleoduto onde andava por mais um quilômetro para chegar em casa por volta das 24 horas. Sentava-me á mesa com os apontamentos feitos durante as aulas e punha-me a recordar as lições do dia. Somente ia para a cama lá pelas três horas da madrugada. A matéria aprendida durante as aulas precisava ser estudada no mesmo dia. No dia seguinte ia enfrentar oito horas de trabalho. Assim foi possível terminar ok curso superior no tempo previsto de cinco anos. No entanto, só iria começar o exercício profissional perto de dez meses após. Pouco tempo depois eu já trocava o funcionalismo federal  pelo emprego na Refinaria União de Capuava na cidade de Santo André para ganhar três vezes mais; foi quando instalei o meu primeiro escritório na cidade de Santos.

Foi na década de 50-60 que começou a se desenvolver o bairro da Vila Nova com sua área dividida em lotes e vendidos a prestações. Agora, a via férrea que transportava cargas da Estação do trem para a Fabril, passando em frente à vila dos funcionários para logo em seguida ultrapassar uma ponte ferro sobre o rio Cubatão foi desativada. Em 1950, já emancipada de Santos, foi seu primeiro prefeito o sr. Armando Cunha então titular do cartório do registro civil de Cubatão. A Câmara de Vereadores já funcionava regularmente.

Nas linhas acima as impressões da antiga vila de Cubatão e os primeiros passos como município autônomo de Santos; também gravo a vida pessoal e familiar. Olhando para trás vejo que contribuímos para o progresso da então vila; minha mulher, que era professora também se formou em pedagogia; entrou para o quadro de funcionários da Prefeitura, tendo sido a primeira professora e, depois diretora de escola no bairro do Jardim Casqueiro e em outros locais da cidade. Essa foi a contribuição da família Franco para o progresso desta cidade nesse período da história.



Jorge Martins Franco                              09.04.2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário