Romance do autor cubatense, publicado pela Realejo, será lançado em 11 de abril no Bloco Cultural
O ditado diz que não se deve discutir política e religião. Mas “Os Bichos”, do cubatense Manoel Herzog, aborda esses temas de forma inteligente, irônica, e crítica,
que podem e merecem gerar reflexões. O livro, editado pela Realejo, será lançado em 11 de março, quarta-feira, 16.h30, no Bloco Cultural, durante a happy hour musical com Edinho Godoy e Theo Cancello. É a chance do leitor adentrar a um universo envolvente, que ainda mistura tarô, natureza, a monarquia francesa, num caldeirão que mira a situação política brasileira.
Na obra alegórica, Herzog traça um paralelo entre o urubu, ave que nasce branca e vai escurecendo conforme se alimenta de sujeiras, e o ser humano, que chega à vida puro, mas se contamina com os males da sociedade. A trama acompanha um jovem idealista, que se apaixona pela filha de um político corrupto e acaba fazendo concessões para se aproximar da amada. “Tinha iniciado uma série de contos escritos em primeira pessoa com as vozes desses animais, como um cachorro que viveu comigo durante 16 anos. Tem 10 animais que permeiam a narrativa do livro. E a história se desenvolve por um narrador onisciente, em terceira pessoa, e vai nessas duas linhas - seguem em paralelo e se encontram no final”, explica o autor.
"As alegorias são uma forma direta de crítica dos costumes e serviram de base para o humanismo avançar um milímetro na direção da vida do espírito, evocada por grandes como Montaigne e Leopardi. Neste ‘Os Bichos’, de Manoel Herzog, temos um tipo mais sofisticado de alegoria, onde a ironia sutil é capaz de forjar um pensamento denso, que se alimenta de uma rica simbologia”, define o conterrâneo e celebrado escritor Marcelo Ariel, na contracapa do livro.
Os moradores da Baixada Santista encontram um atrativo: várias personalidades verídicas da região são citadas ao longo da trama, apesar da narrativa acontecer em uma cidade fictícia. Para conceber o projeto, Herzog realizou um intenso trabalho de pesquisa. Inclusive,foi à França, onde buscou informações detalhadas de Versalles, busca essa que surgiu em uma exposição sobre o palácio francês, em São Paulo, anos atrás. “Os personagens do livro são monarquistas. Se compararmos, aquela realeza e os atuais políticos brasileiros estão bem próximos. Eles não se preocupam com a sociedade”,diz.
"O autor cubatense lamenta o fato de não haver livraria na cidade. Assim, a obra pode ser encontrada, na Banca do Ivo, local de encontro diário dos cubatenses, uma verdadeira câmara popular sobre todos os aspectos. E mais, tanto Ivo quanto sua banca são personagens da obra. "
Sobre a edição na Realejo, recorda: “Como era frequentador, comentei com o José Luiz Tahan, proprietário da editora, e ele gostou da ideia, pediu os originais e topou publicar”. “’Os Bichos” marca a nossa busca por autores da literatura brasileira em prosa ficcional. E começamos com o pé direito”, afirma Tahan.
Sobre Manoel Herzog: Advogado atuante há 22 anos, escreve desde pequeno. Participou de antologias. Publicou seu primeiro livro em 1987, “Brincadeira Surrealista”, de poesias, pela antiga Livraria Iporanga. Em 2009, foi finalista do prêmio Sesc com o romance ainda inédito “Fuga Amazônia de Mim”, sobre um homem na faixa dos quarenta anos, em crise, que vai ao Amazonas repensar a vida. Ministra oficinas literárias. Em breve, deverá passar a ministrá-las também na Realejo Livros. “Diante da exiguidade de espaços culturais na região, a Realejo é um ponto que é referencial. Estamos discutindo essas oficinas para reforçar ainda mais essa questão da livraria como pólo cultural. Não com a pretensão de ensinar ninguém a escrever, por que isso é impossível. Quem escreve é o viver”, conclui Herzog.
Lançamento: Os Bichos
Quando: 11 de abril, quarta, 16h30
Onde: Bloco Cultural - Cubatão
Entrada no evento é franca
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