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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

SE EU DEIXAR VOCÊ VIVER, VOCÊ VOTA EM MIM?

Autor: Mario Torres - Professor
Pois é, Mané, enquanto todos olham para o que é feito por cima, a verdade é que o buraco é mais embaixo. E pra todos que adoram dizer que conto “historinhas que só eu acho engraçadinhas”, que lanço calúnias e mentiras, que sirvo como “porta-voz” e “bobo da corte” da turma do não, que não faço jus a minha posição de professor, é hora então de parar com as piadas. Vamos falar hoje de coisa muito séria, sem fazer paródias, sem nenhuma montagem ou gracinha: a saúde e a vida dos cubatenses.

Enquanto uma chuvarada de milhões vai inundando as reformas das escolas, do novo Anilinas, da avenida 9 de abril, na construção da Praça da Cidadania, na realização do Danado de Bom, dos réveillons com shows e pirotecnias, entre várias outras obras e serviços, que tem suas devidas importâncias, será que alguém vai ter a cara de pau de dizer que tudo isso é mais importante que o programa Saúde da Família ? Vamos aos fatos, que não são nenhuma mentira, são incontestáveis, por sinal.

O programa Saúde da Família foi implantado em Cubatão em 2006, visando a prevenção, promoção à saúde, tratamento de doenças, com destaque para o pré-natal de gestantes, da população carente nas periferias da cidade. Cada equipe do PSF é composta por 1 médico, 1 enfermeira(o), 1 técnico de enfermagem, 5 ou 6 agentes de saúde, dependendo da área. Os bairros atendidos são Vila Esperança, Morro do Índio, Ilha Bela, Cotas, Água Fria, Pilões, Ilha Caraguatá, Vila dos Pescadores, Bolsão 8 e Vila São José.

Falando em números, em 2006 o programa contava com apenas 8 equipes, passando para 20 em 2007. Neste mesmo ano, a mortalidade infantil era de 18 bebês a cada 1000 que nasciam. Em 2008, sem haver descontinuidade de atendimento, caiu para 13 o número de bebês que morriam a cada 1000. Ou seja, em média 5 vidas foram salvas graças a um serviço prestado por profissionais qualificados, comprometidos e que recebiam razoavelmente bem pela exclusividade de serviço, e principalmente, sem sofrer qualquer interrupção por força de término de contrato ou politicagem.

Já em 2009, quando o atual governo assumiu, começaram as lambanças. A CAAT, empresa contratada para tocar o PSF foi, obviamente expulsa pois não atendia aos interesses políticos do novo grupo. O programa Saúde da Família virou objeto de disputa na justiça, e com isso ficou cerca de 6 meses parado, com atendimento provisório feito por médicos das UBS. Quando a Pró-Saúde assumiu o serviço, novos profissionais foram contratados, treinados e 1 mês depois começaram a trabalhar, porém, sem o conhecimento de território que os anteriores colegas tinham. Resultado disso: a mortalidade infantil disparou para 24 a cada 1000, quase o dobro do ano anterior. Ainda, 13 bebês nasceram com peso abaixo de 1 quilo. Em 2010, graças, mais uma vez, à ação ininterrupta do programa, com 20 equipes atendendo os bairros carentes, despencou para 9 em 1000 as mortes, isto é, 15 vidas foram salvas, e somente 2 bebês nasceram com peso abaixo de 1 quilo.

Mas alegria pouca é bobagem, pois em 2011, a administração decidiu de forma relâmpago que ia realizar um concurso para contratação imediata de profissionais que atuariam no PSF, então cancelou o contrato com a Pró-Saúde. E o que aconteceu? O concurso foi uma vergonha para o Brasil inteiro ver, e, devido a fortes e sérias acusações de fraude, ele foi anulado e os candidatos até hoje não receberam os valores pagos nas inscrições. Detalhe curioso: a empresa contratada pela prefeitura para realizar as provas tem como sócios-proprietários membros do partido da estrela vermelha. Mais uma LAMBANÇA que ocasionou em nova descontinuidade do programa. Fizeram às pressas um contrato emergencial com a Fundação Lusíada, a partir de maio do ano passado, que durou até novembro, quando então assumiu uma oscip chamada ISAMA (vejam só, segundo corre à boca miúda, pertence a um cacique do PT...), que presta até hoje os serviços, no entanto com cerca de 10 equipes apenas. E adivinhem no que isso resultou? Ainda não são dados oficiais, mas a mortalidade infantil voltou a crescer, por volta de 50% em relação ao ano anterior, com 14 bebês em cada 1000.

Alguém vai querer me dizer que qualquer Disneylinas, ou festa Danada de Cara, ou entrega de mimos tecnológicos, ou reformas porcas e milionárias justificam uma vida que se perde? Do que adianta ter lazer, festa bonita, pintura e reboco novos, se a criança nem teve a oportunidade de viver e crescer para ver tudo isso, graças ao desrespeito à vida? E vida, meus caros, não é objeto de contratos amigos e licitação de cartas marcadas. Quando voltarem a evitar que mais bebês morram, aí sim, toda festa e pirotecnia farão jus ao valor que se dá ao simples fato de viver. Porém, se mesmo assim ainda não estão convencidos, pensem então da forma fria, desumana e capitalista como a política que fazem: cada criança que nasce e sobrevive hoje tem uma família inteira que vota, e esse mesmo bebê poderá ser seu eleitor amanhã. Que tal isso?

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